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As escudeiras de Amyr Klink
Caravana apresenta a mulher Marina e as filhas Laura, Tamara e Marininha, que compõem o clã feminino que acompanha o navegador
Nascida em São Paulo, aos 46 anos, Marina Bandeira Klink vive uma de suas maiores aventuras experimentando o mundo junto com a sua família: Laura, Tamara, Marininha e Amyr Klink.
Desde cedo, o mar e a vela tiveram grande influência em sua vida. "Minha família tem um forte vínculo com o mar. Desde pequena meu pai me levava para velejar. Quando fiz 11 anos, ganhei dele um Optimst e aprendi a velejar na represa de Guarapiranga", conta. "Depois velejei em outros barcos, das classes Pinguim, Hobbie Cat, Snipe, 470 e veleiros de Oceano. Aos 16 anos de idade, a convite do Geraldo Ladeira Rosa, me envolvi na organização de regatas da classe Laser e me tornei coordenadora da classe em São Paulo."
Antes mesmo de conhecer seu marido, Amyr Klink, Marina o acompanhava em suas viagens. Conta ter lido, no Jornal da Tarde, as colunas semanais que reportavam seu desempenho no mar durante a primeira travessia do Atlântico Sul a remo. Anos depois, na Europa, leu uma reportagem na revista Veja sobre o sucesso de sua invernagem solitária na Antártica.
Já casados, Amyr Klink partiu para duas grandes viagens em torno do globo e sem escalas - uma solitária e outra com tripulação. A volta ao mundo solitária foi acompanhada dia a dia por ela.
"Sempre acompanho as viagens do Amyr com entusiasmo. Acho incrível a forma com a qual ele encara seus deslocamentos. Quando nos casamos, ele fez a volta ao mundo ao redor da Antártica. Ainda não havia GPS, mas pude acompanhá-lo por um rastreador de posição que quase sempre funcionava e nos falávamos por um pager e por um telefone satelital Iridium."
Nesta entrevista, Marina afirma que o esporte tem grande impacto nas vidas de quem o pratica por proporcionar autoconhecimento e, também, um contato mais íntimo com a natureza. Hoje, 35 anos depois de ter ingressado no mundo dos barcos, a profissional de Relações Públicas e organizadora de eventos incentiva suas filhas, que passaram a desfrutar deste privilégio também a bordo de um Optimst.
Conhecimento e valores
Marina comprou o pequeno veleiro no final do ano e o escondeu dentro do barco da família, o Paratii2. Quando navegavam ao sul do Círculo Polar em 2010, ela montou o veleiro e chamou suas filhas para velejarem. Desta vez não seria em águas tropicais... Seria entre icebergs!
"Foi uma grande surpresa para elas e uma grande alegria para mim!" declara Marina. Tais pais, tais filhas!
Nestas viagens, o prazer e o aprendizado se confundem e Marina diz ter ensinado suas filhas a reconhecer e dar valor as coisas simples da vida.
"Quanto mais a gente viaja, mais exercitamos os valores que atribuímos às coisas. Quando viajamos, temos que colocar tudo o que iremos precisar numa única mala. É quando aprendemos a nos desligar de supérfluos e descobrimos que, para viver, precisamos de muito pouco. Quando voltamos para casa, para a nossa rotina de antes, percebemos que nos tornamos um pouco 'tartarugas', carregando nas costas muitas coisas das quais nunca precisaremos".
A cumplicidade também foi um dos alicerces erguidos em jornadas como esta. "A bordo de um veleiro temos que nos ajudar e, nesse exercício de convivência num espaço tão restrito, criamos novas possibilidades de aprendizado para nossos filhos. E é delicioso quando nos tornamos professores de nossos filhos e temos de aprender para poder ensiná-los."
Marina também diz que a experiência proporciona a chance de descobrir talentos nos próprios filhos. "Em casa, numa cidade grande com todas as facilidades e recursos disponíveis, nem sempre percebemos o potencial que nossos filhos têm para cozinhar por exemplo. Muitas vezes, esses talentos poderiam passar desapercebidos. É importante que a gente ofereça oportunidade para que eles se revelem".
Na descoberta de talentos dentro de casa, uma oportunidade concreta surgiu e Marina não a deixou escapar. Recebeu um convite da Editora Grão para publicar o livro "Férias na Antártica", que narra episódios de uma viagem em família para o continente gelado sob o ponto de vista das meninas: Laura, Tamara e Marininha Klink.
Marina se orgulha ao dizer que vê no livro o resultado da oportunidade que o pai, Amyr, deu a todos quando concordou em levar a família em suas viagens. Também se enche de orgulho quando conta sobre sua dedicação como mãe-professora:
"Acho que é maravilhoso ver que os filhos começam a multiplicar a nossa forma de pensar. Através deste livro, as meninas levam para outras crianças a riqueza e a fragilidade de uma biodiversidade que vive muito distante daqui, mas que depende diretamente das nossas atitudes para poder sobreviver", ressalta.
"Por isso a importância dos nossos hábitos e do nosso empenho para proteger a natureza. Sabemos que muitos leitores jamais terão a oportunidade de visitar a Antártica, mas poderão conhecê-la através da experiência relatada por minhas filhas. Este livro é uma prova de que consegui passar para elas muito do que sei e, hoje, elas germinam o conhecimento e a importância do cuidado que temos que ter com a preservação da vida."
Marina finalizando, dizendo: "Gosto de pesquisar, de aprender e de ensinar e tenho sorte de poder viver a grata experiência da magia da multiplicação do conhecimento."
Comentários
PARABENS,MENINAS!!!!TENHO MUITO ORGULHO DE VOCES.VOCES SAO CORAJOSAS E INTELIGENTES. PROPORCIONAM BONS MOMENTOS PARA QUEM LE O LIVRO,E, DESPERTAM UMA RESPONSABILIDADE DE CUIDARMOS MELHOR DO NOSSO PLANETA,DOS NOSSOS ANIMAIS ,BJS.
A simples maneira de como foi explicitado esta entrevista com naturalidade e espontaneidade dá-nos a idéia exata do tamanho desta mãe e companheira de viagens que, muitas vezes longe está sempre ao lado do fantástico Amyr.