
Parte 2: Os índios Tukano, seus ritmos e a descoberta do turismo
E a aventura segue no Rio Negro, com uma visita a uma tribo local, sua cultura, dança e artesanato, terminando com a descoberta de uma escalada em árvores centenárias
Na manhã seguinte, levantei ainda sem luz e me sentei na proa do barco. Alguns minutos depois, comecei a ouvir, cada vez mais próximo, a busca por fôlego de botos que nadavam cercando o Jacaré-Açu. Dificilmente se mostravam por inteiro, mas seus dorsos se projetavam fora da água a cada respirada. Por vezes, pareciam rosa e, em outras, eram cinza claro.
Com o sol se levantando, as primeiras revoadas abandonavam seus ninhais e, barulhentas, deixavam certo que todos deveriam se levantar. Araras Canindé cruzavam sobre o rio em grupos que variavam de dois à seis pássaros e quebravam o azul celeste com o amarelo de seus peitos.
Com o café servido, seguíamos viagem para visitar uma aldeia de índios Tukano. Chegamos lá durante à tarde e os índios já estavam ornamentados com suas vestimentas e pinturas tradicionais nos esperando. Ao contrario do que imaginei, foi uma experiência intensa!
Fomos recebidos em uma grande oca, onde os rituais são realizados com a presença do cacique. O calor e o confinamento naquele espaço davam ao ar um aspecto salobro e pesado. O som dos instrumentos de sopro e a batida sincronizada de tambores, pés e chocalhos golpeavam meu corpo e deixavam, aos poucos, uma sensação de relaxamento, como se minha alma estivesse sendo massageada pelo impacto daquelas ondas sonoras.
No final do ritual, cada um foi cortejado por um índio e convidado a se juntar à dança. Os passos bem marcados e simples escondiam a meditação produzida pela repetição. De mãos dadas com uma índia, senti na carne a entrega com a qual ela se lançava àquele ritmo quando notei seu coração batendo no compasso dos tambores por meio de seu pulso. Meu corpo estremeceu!
A pequena aldeia Tukano vem se beneficiando com o turismo vendendo artesanato e recebendo visitantes interessados em seus costumes. Além disso, o turismo incrementou a consciência coletiva. Alguns animais muito apreciados para caça deixaram de ser perseguidos, uma vez que enriquecem a experiência do turista quando avistados. Quanto mais turistas, melhor para todos!
De volta ao barco, tivemos a oportunidade de conhecer melhor e de nos prepararmos para o “Tree Climbing”, uma modalidade de escalada em árvores centenárias que surgiu nos E.U.A em 1980 e que chegou recentemente ao Brasil.
Dentre as muitas árvores centenárias da floresta amazônica, a Sumaúma, com certeza, ocupa lugar de destaque com espécimes que chegam aos 70m de altura. As árvores são alcançadas por trilhas ou, durante a estação das chuvas, por embarcações através dos igapós.
A atividade, de esforço moderado, é recompensadora. Lá do alto, a floresta toma novamente sua perspectiva majestosa e vai além de onde a visão pode chegar. As inspirações fortes e frenéticas dão lugar à calma e à contemplação assim que os olhos tocam o horizonte.
Cansados, mas extasiados, continuamos viagem para ancorar em uma das muitas praias de areias brancas que a estação seca revela. Sempre com o som dos botos emergindo nos arredores, tive uma de minhas noites mais bem dormidas.
Na manhã seguinte, levantei assustado com o que parecia algum tipo de disputa territorial em alguma parte da floresta. Não podia saber ao certo qual a distância, mas sabia que se tratava de macacos bugio. Algumas vezes, seus urros podem varar a selva por mais de sete quilômetros.
Comentários
muito sinto falta disso. Sou india tukana atualmente moro em belém.
Olá Caravana!
Eu, Carolina, e o meu namorado estamos planejando uma viagem à Amazônia. Já lemos muita coisa, já fomos à vários sites e não encontravamos uma oferta de turismo que fosse exatamente o que gostaríamos e eis que quando perdiamos a esperança de ver uma amazônia mais selvagem encontro este artigo que descreve exatamente o tipo de viagem que desejamos!
Gostaria de saber através de que meios a Caravana conseguiu realizar esse roteiro com tantos sons de animais, tribos indigenas e paisagens paradisiacas?
Aguardo o retorno.
Grata,
Carolina Mendonça
Olá, Carolina, aqui mesmo na matéria, na aba "Serviço" tem o contato das empresas que operam este roteiro que fizemos. Capriche nas fotos e na volta conte pra nós a sua aventura.
Boa Viagem!