

"Temos obrigação de fiscalizar!"
Consultora de sustentabilidade, Joanna Guinle pede mobilização da população para que Copa do Mundo e Olimpíadas sejam sustentáveis
A palavra sustentabilidade está na moda. E com o Brasil como sede nos próximos anos de dos dois maiores eventos esportivos do planeta - Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 - a exigência de se promover eventos grandiosos e de forma sustentável é obrigação do país-sede.
Sendo assim, o Caravana da Aventura entrevistou Joanna Guinle,da empresa Palestra, de consultoria sobre sustentabilidade, e ex-integrante do Greenpeace, que abordou o tema, sobretudo com relação as próximas Olimpíadas, marcadas para o ano que vem, em Londres.
Segundo ela, a capital londrina segue os passos da sustentabilidade e tem de servir de exemplo ao Brasil.
Abaixo, a entrevista:
Caravana da Aventura – É possível fazer um evento tão grandioso como uma Olimpíada ou uma Copa do Mundo algo sustentável?
Joanna Guinle – Sim, é possível. E Londres é a prova disso. Pela primeira vez, o caderno de encargos dos jogos traz um capítulo sobre sustentabilidade e o país-sede precisa seguir à risca. E Londres tem feito isso.
Mas quais as ações que Londres tem feito e que podem servir de exemplo ao mundo, já que é uma ação inédita e algo novo no caderno de encargos do evento?
No caso de Londres, buscou-se minimizar o impacto da construção no meio ambiente. O que de legal aconteceu lá é que houve um envolvimento da população com a Olimpíada e com a sustentabilidade. Por exemplo, em 2009, o governo cedeu material para que a população fizesse uma faxina e pintasse os muros aos arredores do Parque Olímpico. Houve essa interação e esse é o espírito. Uma competição como essa tem um lado ambiental e um lado social. É preciso trabalhar bem os dois lados.
E no Rio de Janeiro, que será palco da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Podemos esperar uma competição projetada de forma sustentável?
É preciso primeiramente esperar que a cartilha se torne pública como foi em Londres. Lá terá o capítulo sustentabilidade. E aí é seguir o que manda o documento. O país-sede sabe disso e quando optou por concorrer a ser sede, já colocou isso no caderno de encargos. Então agora será preciso cumprir com tudo que foi prometido.
E como fiscalizar isso?
Isso cabe às pessoas fiscalizar. O documento será público, todos poderão se interar e cobrar. O que não pode é apontar o problema e não fazer nada. Nos países lá fora, se seu vizinho fez algo de errado, as pessoas denunciam. Aqui é preciso ter a mesma postura. Não se pode apenas apontar o problema e aceita-lo. É preciso ter o envolvimento da população.
Mas fazer uma Olimpíada no Rio é diferente de promover os jogos em Londres...
Sim, sem dúvida. Por exemplo: o Parque Olímpico, no Rio, será distante, numa área isolada. Então não se pode esperar que as pessoas recebam materiais e ajudem na melhoria do entorno. Porém será preciso fiscalizar com quais condições as pessoas trabalharão no local e se haverá também uma capacitação dos profissionais que trabalharão no evento.
O Brasil corre riscos de fazer feio num evento assim?
Estamos com a faca e o queijo na mão. Podemos fazer algo muito legal, mas existe o risco também de termos gringos com o dedo na nossa cara, contestando porque não fizemos direito. O negócio é planejar e correr, pois o tempo voa. O país agora tem uma condição econômica melhor, está em crescimento. Então é o momento de o Brasil provar que é capaz.
*Joana Guinle é publicitária e pós graduada em Sustentabilidade. É proprietária da "Palestra" e atua como voluntária na ONG Casa do Zezinho
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